terça-feira, 21 de outubro de 2008

O BRASIL NEGRO E SUAS AFRICANIDADES






A quarta edição do Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros (COPENE), será realizada na cidade de Salvador, Bahia, de 13 a 16 de setembro. Nesta entrevista à Ação Educativa, a coordenadora do evento, Marluce Macedo, retoma a história da iniciativa, desde sua primeira edição, em 2000, faz um balanço do estímulo ao intercâmbio entre pesquisadores negros e relata as expectativas para o encontro deste ano, que terá por tema “O Brasil negro e suas africanidades: produção e transmissão de conhecimentos".
Ação Educativa: Qual a história do Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros? Em que contexto foi criado e como se desenvolveu?
Marluce: O Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros é uma realização da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros - ABPN. A ABPN é resultado da trajetória histórica traçada pelos pesquisadores negros no Brasil, nos diversos espaços institucionais de pesquisa e nos Movimentos Negros de forma geral.
É uma associação de caráter nacional, que tem realizado um esforço constante, no sentido de efetivar um diálogo com pesquisadores e instituições de pesquisas internacionais, intensificando e ampliando o campo de debate sobre as relações étnico-raciais e suas proposições, bem como fortalecendo uma rede de solidariedade entre populações negras, de um modo geral.
Nas edições anteriores dos Congressos Nacionais, realizados respectivamente em Recife - PE - 2000, São Carlos - SP - 2002 e São Luís - MA - 2004, pode-se constatar a participação de pesquisadores das mais diversas regiões do país e de estrangeiros.
A partir dos Congressos realizados, é possível observar o crescimento numérico, a diversidade e a excelente qualidade da produção. Isso afirma a importância e o significado da ABPN e a necessidade da sua continuação, ampliação e fortalecimento, sendo a realização de Congressos Nacionais uma condição indispensável para que isso aconteça.
O I Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros foi realizado em novembro de 2000 em Recife (PE) e proporcionou um maior contato entre docentes, pesquisadores e pós-graduandos das mais diversas instituições públicas e privadas do país. O tema para debate foi O negro e a produção de conhecimento: dos 500 anos ao século XXI, efetivando um balanço da produção dos pesquisadores negros e dos estudos relativos às questões étnico-raciais, especialmente no Brasil.
O Congresso de Recife contou com cerca de 320 pesquisadores das diversas regiões do Brasil e também estrangeiros, e inaugurou uma nova fase na história de muitos pesquisadores, pela relevância e excelência das pesquisas, diversidade apresentada nas diferentes áreas de conhecimentos e possibilidades abertas para trocas e diálogos.
O II Congresso foi realizado em agosto de 2002, na cidade de São Carlos (SP), e apresentou como tema geral De preto a afro-descendente: a pesquisa sobre relações étnico/raciais no Brasil. Além de dar continuidade às questões e encaminhamentos do I Congresso, aprofundou o balanço crítico iniciado sobre a produção intelectual brasileira relativa às relações étnico-raciais, apresentando os efeitos das mudanças sociais ocorridas na década de 90 na agenda dos movimentos negros, quando passaram a utilizar crescentemente de mecanismos jurídicos-políticos para denunciar a discriminação e o racismo e também a exigir de forma mais contundente políticas públicas compensatórias pelos danos causados pelo racismo e todo processo de discriminação.


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